Hoje trabalhamos o poema Caixa de Saudades e refletimos sobre a importância das fontes históricas. Com base nos nossos estudos faremos um excelente trabalho sobre esse assunto.
Desde menina
guardo,
na minha sala de memória,
numa caixa de saudade,
velhas cartas, fotografias e
objetos coloridos
de encantos e desencantos.
Lá estão
o bigode áspero do meu pai,
o dedal paciente da minha mãe,
a trança despenteada da minha irmã,
duas bolas-de-gude quebradas
que roubei dos meus irmãos;
na fita da primeira comunhão
a medalhinha de Santo Antônio
que minha tia-madrinha
e casamenteira me deu;
o primeiro cartão postal
do vizinho – João,
com o cadeado do diário que perdi,
quando fiz quinze anos.
A carta, marcada com meu batom,
amarrada numa outra,
cuidadosamente desamassada,
que ainda leio;
o anel de rubi,
que não serve mais no anular,
na mesma correntinha,
com os dentinhos do meu filho
sob a oração do seu sétimo dia
e o último poema, que lhe escrevi.
Todos os meus coloridos
encantos e desencantos
estão protegidos
do tempo.
Num instante, num dia,
muito tempo atrás,
nesse relógio parado
sem corda,
que junto deles
deixei.
Sandra Falcone
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